Archive for agosto, 2010

De sombras e desejos

domingo, agosto 29th, 2010


Eles namoram no cemitério. É lá que se amam. À beira dos túmulos pintados ou mal caiados. Quando a noite cai e o portão de ferro range sob a trava do cadeado, só a lua curiosa e os pequenos arbustos que circundam as ruas vazias os testemunham. Testemunham a mútua contemplação, seu sossego e depois o frenesi. E de novo o sossego. (mais…)

Primeira escola e primeiro crime

quarta-feira, agosto 25th, 2010

A imagem acima mostra crianças diante de um prédio bem simples e rústico. Aí muita gente começou a aprender a ler e a escrever. Eu também. A foto não é do meu tempo. É da época de meus pais. Meus pais estudaram aí. Mais tarde foi minha vez, coisa de dois ou três meses antes de mudarmos para a cidade. A escola ficava na Fazenda Bem Estar, localizada em Cafelândia, município do interior de São Paulo. (mais…)

Rua de paralelepípedos

quarta-feira, agosto 25th, 2010

Esta história, tentei contar a tantos que nem sei. Mas não assim, de uma forma a não saber contá-la, pois essa tarefa parece-me ser a mais simples. Em verdade, sempre faltou-me coragem. Coragem para crer em minhas próprias palavras e, daí, por conseguinte, no episódio. Sou de um município do interior, hoje até certo ponto um razoável centro urbano, o que costumam chamar de cidade de médio porte. Numa das ruas centrais, tenho meu comércio. Trabalho com tecidos, a maioria peças de finas tecelagens. Esses pormenores, contudo, não são necessários ao relato. São apenas detalhes sobre minha conduta, talvez importantes para afiançar este meu objetivo, talvez desnecessários, mas, de pronto, aí estão. (mais…)

Primitivos desejos

sexta-feira, agosto 20th, 2010


A meu pedido, o velho historiador Nathaniel Pérez esquadrinhou com esmero o mapa daquela próspera zona rural onde em algum ponto situava-se o pequeno rancho. O lugar, contando-se também a vegetação que o circunda, mede não mais que meio alqueire, mas assim mesmo significa para o reduzidíssimo grupo que o conhece algo difícil demais para ser esquecido em meio aos incontáveis hectares de cana de açúcar. (mais…)

Eleições – Condição econômica

quinta-feira, agosto 19th, 2010

Por que os candidatos, principalmente a governador e a presidente, insistem tanto em dizer que vieram de famílias humildes, simples, pobres ou sei lá mais o quê? Eu tenho a impressão que já está na hora de os políticos acharem que os eleitores não são idiotas. (mais…)

Miniconto – Praça pública

quarta-feira, agosto 18th, 2010

Debaixo de um sol escaldante, as tropas reuniram-se na grande praça. Os cavalos sapateavam. O megafone emitia sons inaudíveis e ameaçadores. Dos soldados inquietos escorriam regos de suor. As portas do comércio eram fechadas às pressas. No canteiro central, uma cachoeira de água fresca brotava em meio a sereias de ferro plantadas na fonte. (mais…)

A menina e o diabo

domingo, agosto 15th, 2010

Assim como muitos outros que assolam o planeta todos os dias, o caso da menina de 5 anos de idade que morreu no Rio de Janeiro e foi enterrada neste domingo depois de apresentar sinais de maus-tratos, depois de ficar quase um mês em coma e depois de ter sido atendida por um médico que não era médico, o caso dessa pobre criança é a arquitetura sórdida de um mundo que, enfim, não é bom. (mais…)

Minha filha e Kid Vinil

domingo, agosto 15th, 2010


Quando é que eu poderia imaginar, lá pelos anos 1980, que um dia eu teria uma filha e que outro dia ela faria uma foto com o Kid Vinil? Bem, o mundo às vezes é bem gozado.

Bem-vindo, cinema!

domingo, agosto 15th, 2010

http://www.youtube.com/watch?v=NkMpxvhzCVs
Não sei por que, penso muito em pessoas que não veem filmes regularmente. Como é que se pode viver sem cinema? Eu me lembro que na minha infância ir ao cinema não era tão simples. Mas quando acontecia, era algo incrível. Não importava tanto o filme. Entrar naquele lugar onde uma tela gigante engolia seus pensamentos valia a pena de todo jeito. (mais…)

A lua, o espaço e o pudim

sexta-feira, agosto 13th, 2010

Por que o homem não inventa um pudim de leite condensado que eu possa comer inteiro (um daqueles pratos redondos grandes) sem que isso me faça engordar? Incluindo, claro, a calda cremosa. Seria mais prazeroso do que saber que alguém foi à lua, por exemplo. E acho que mais aproveitável. (mais…)