Archive for agosto, 2005

O relógio – Texto de Otávio Nunes

terça-feira, agosto 30th, 2005

Doriválter olhou para o calendário e notou que seu filho faria dezoito anos na semana seguinte e sentiu a saudade cortar suas veias e penetrar no coração. Não via o garoto desde que este tinha cinco anos. Na época, Dori foi obrigado a fugir de São Paulo, deixando a esposa Merileide e o menino Paulinho. (mais…)

O peão – Texto de Leonardo Brasiliense

terça-feira, agosto 30th, 2005

Eram o campo, as pastagens, lentamente era uma coxilha a um tanto de outra e no meio o que não era coxilha. Era tardinha. O sol, que não se mostrara o dia todo, se acabava. Garoava. Era frio, muito frio. A garoa, o céu fechado e a hora não permitiam que se enxergasse bem, mesmo assim o jovem peão seguia o rastro de sangue das ovelhas, apesar do que já se disse e do frio que lhe queimava os pés. O jovem peão era descalço e se chamava Ari, ou Arizinho, ou Arigó, conforme quem chamasse, cada um reservando-se o direito de fazê-lo tal ou qual. (mais…)

O cachorro – Texto de Fernanda Villas Bôas

sexta-feira, agosto 19th, 2005

São Paulo, junho de 1942

Os três homens voltavam para casa depois de um dia de trabalho. A vila ficava afastada da cidade e era emoldurada pela farta natureza das histórias antigas: a estrada de terra, o céu muito azul, as árvores frondosas, talvez um riacho de águas cristalinas (a descrição é um clichê, mas a realidade não). (mais…)

As duas faces da morte

segunda-feira, agosto 15th, 2005

Um provedor de internet, se não me engano o UOL, fez um anúncio por estes dias para divulgar seu serviço de e-mail e lançou mão de um velho e eficiente recurso, que dificilmente deixa de chamar a atenção das pessoas: a piada que usa a morte. O rapaz chega todo brincalhão a um certo lugar e, não tendo recebido a tempo uma mensagem eletrônica, desconhece que ali há o velório de alguém. Ao perceber o fora, ele fica encabulado, e os demais, constrangidos. (mais…)

“Cardeneta” e Arizona solto – Texto de João Pedro Feza

terça-feira, agosto 9th, 2005

O André Balieiro lembra disso tudo e muito mais…

Naquele tempo…
Uma vez desdobrou-se e comprou um kichute, o caderno de capa dura ficou para outro mês. Se Desenhocop era impensável, pelo menos as folhas de seda quebravam o galho. Outra vez assistiu Perdidos no Espaço e se intrigou com o jeito do Dr. Smith. “Nationaro Kido” era o herói. Monareta dava briga com o colega de cobranças imobiliárias, até chegarem a um acordo para pedalar nos fins de semana. (mais…)