Archive for abril, 2004

Atrás da parede

terça-feira, abril 27th, 2004

O olhar de desaprovação da mãe austera fuzilou-o por um instante, repelindo seu ímpeto de lançar-se sobre o sofá para alcançar a vidraça, de onde finalmente divisaria a rua lá fora. Resignado, voltou-se ao manuseio do videogame, abandonando, ao menos por um tempo, a idéia que o perseguia e preenchia todo o seu ser de um extemporâneo prazer. (mais…)

Há uma arma de combate à opressão, queixa do jornalismo

domingo, abril 25th, 2004

Dou aula de jornalismo para cinco turmas, na Unesp-Bauru e no IMES-FAFICA, em Catanduva. São cento e poucos estudantes de primeiro, terceiro e quarto anos. Naturalmente, há intensas diferenças entre eles: faixa-etária, estágio de graduação, origem geográfica, origem social, ideologias políticas, formação cultural e por aí afora. Mas há algo curioso que os reúne em torno de uma quase unanimidade: desde já, antes mesmo de pisarem no desejado e temido mercado de trabalho, eles acreditam religiosamente que serão parte de um sistema em que o jornalista dificilmente escapa das manobras do poder: o poder econômico, o poder político, o poder localizado de quem controla o veículo de comunicação. Será que eles têm razão? (mais…)

Fernando BH entrevista Milton Leite e Ubiratan Brasil

sexta-feira, abril 23rd, 2004

Fernando BH

Se jogar uma Copa do Mundo é o grande sonho de muitos meninos que crescem chutando uma bola, a vontade de participar dela não é menor para os jornalistas que amam o esporte – entre eles, os atletas frustrados. As Olimpíadas, então, que englobam vários esportes, são outra oportunidade fantástica de ver de perto algo que encanta o planeta inteiro pela tevê e de interagir com o evento ali, ao vivo. O jornalista Ubiratan Brasil, que hoje escreve no Caderno 2 do jornal “O Estado de S. Paulo”, mas tem quinze anos de experiência nas redações de esporte, e o jornalista e locutor Milton Leite (foto), da ESPN Brasil – também famoso por emprestar a sua voz à versão brasileira dos famosos jogos de videogame da série “Fifa” –, tiveram essa oportunidade e relataram um pouco do que viveram. Ubiratan foi às Copas de 94, nos Estados Unidos, e 98, na França, e às Olimpíadas de 96, em Atlanta.. Milton viajou a Sidney, em 2000, além de também ter ido à França. Entre tantas histórias, não poderia faltar o caso da convulsão de Ronaldo, já exaustivamente discutido na mídia, mas aqui contado pelo ângulo de quem cobriu o fato, não o dos protagonistas. (mais…)

Influências

terça-feira, abril 20th, 2004

Agora há pouco na rua, voltando do almoço, com a Fer e a Ana Clara, saí-me com esta: - "puxa, mas que sábado sorumbático!" Um pouco antes, eu havia passado no posto de combustível, e o frentista: - "o dia está estranho..." Hoje, as nuvens entrincheiram-se no firmamento como se fossem defender-se numa guerra, um céu cinza e tristonho recobre nossa região. É curioso como a redoma natural que nos envolve provoca influências no ser humano. (mais…)

Cruz

segunda-feira, abril 19th, 2004

Nos dias em que Tancredo Neves agonizava no Incor, em São Paulo, uma fileira de populares postava-se diante da entrada do hospital para acompanhar as notícias frescas e o trabalho dos jornalistas, especialmente o dos repórteres de televisão. Profissionais que estiveram lá contam que as pessoas aguardavam as entradas ao vivo das emissoras para desabar em prantos. Acho que não faziam algo assim voluntariamente. A televisão costuma, nessas horas, fazer desabrochar nos mais duros a flor macia da sensibilidade. (mais…)

Laranja

domingo, abril 18th, 2004

Minha origem é rural. Prezo muito as coisas do campo. Atualmente, em viagens a trabalho, atravesso rodovias (muito mal conservadas, como a grande maioria, é verdade) cujas margens são preenchidas pela vegetação, sejam matas ou plantações cultivadas. Em certos trechos, o domínio é da laranja. (mais…)

Sol da meia-noite – Texto de Fernanda Villas Bôas

terça-feira, abril 6th, 2004

Era uma fatia de sol, talvez um metro quadrado ou nem isso. E, nos dias sem nuvens, reafirmava sua pontualidade iluminando um pedaço da cama dos meus pais, sempre por 40 minutos, a partir das 13 horas. Uma luz filtrada, mas contínua, que aquecia a colcha e deixava a cabeceira de madeira quase febril. (mais…)