Bem-vindo, cinema!

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Não sei por que, penso muito em pessoas que não veem filmes regularmente. Como é que se pode viver sem cinema? Eu me lembro que na minha infância ir ao cinema não era tão simples. Mas quando acontecia, era algo incrível. Não importava tanto o filme. Entrar naquele lugar onde uma tela gigante engolia seus pensamentos valia a pena de todo jeito.

Claro que é quase um exagero. Mas o cinema é mágico, eis uma verdade e, por favor, não me contestem. Filmes rejuvenescem. Revigoram. Reintegram.

O filme Bem-Vindo, obra francesa dirigida por Philippe Lioret, é uma boa ilustração do que o cinema consegue fazer com simplicidade, sem grandes aparatos, despido dos tão comentados efeitos especiais que encantam e ludibriam.

A história, que inclui o drama da imigração ilegal na França, junta uma paixão destruída pelo divórcio a uma paixão alimentada pelo sonho que torna tudo atingível. Um iraquiano do Curdistão entrega-se a uma incrível aventura em busca de seu grande amor. Só que o Canal da Mancha os separa. E ele quer atravessar o lendário pedaço de mar a nado.

A sensibilidade com que o filme avança é algo tocante. Para quem não faz questão de um monte de estilhaços explodindo no quintal, é uma boa pedida.

Preciosa

Vi também “Preciosa – uma história de esperança”, que venceu o Oscar de atriz coadjuvante (Mo'Nique, espetacular!) e melhor roteiro adaptado e teve outras quatro indicações, incluindo melhor filme, além de ter conquistado vários prêmios importantes.

É um filme digno de Oscar, sem dúvida. Ou talvez não. Porque o Oscar nem sempre vai para o melhor. Aliás, considerar um só filme como melhor é algo, para mim, imponderável. Não dá. Ponto final. Mas, no fim, é preciso escolher algum. E os norte-americanos adoram um filme de guerra. Tudo bem, eu também gosto. Qualquer dia escrevo sobre esse assunto. Mas hoje quero dizer que “Preciosa” é melhor do que “Guerra ao terror”.

Bom, claro, cinema é isso. Para quem se deixa levar por aquilo que sente, como eu, não importam muito as questões técnicas. Não avalio meus filmes sob a rigidez de critérios que nem bem conheço. É o que sempre digo: gosto por isso, não gosto por aquilo. E pra mim basta.

No caso de “Preciosa”, a superação e a crueza estampadas no filme deixam na poeira qualquer critério técnico. E vou além: também vi “Guerra ao terror”, mas parei no meio. É de uma chatice brutal. Se você quer fazer documentário, faça documentário. Se você quer fazer ficção, faça ficção. Ok, quer misturar? Misture, mas avise. Sei lá como. Mas não dá para tirar filme de ficção que parece documentário. Pra mim, não cola. Não discuto com quem gostou de “Guerra ao terror”. Pode até ser um bom filme, mas achei, repito, muito chato.

Depois de ver “Bem-Vindo” e “Preciosa”, desliguei o aparelho de DVD e fui tomar a última taça de vinho vendo TV. E nisso, estava passando “Razão e sensibilidade”, que a exemplo de “Preciosa” também é baseado em livro. E a exemplo de “Preciosa” também é excelente.

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