Archive for abril, 2008

Ausência – Texto de Dudu Oliva

sábado, abril 26th, 2008

Recebe um e-mail que se revela sem ele clicar em nada: “Você sempre será a minha ponte, que me leva para razão”. Vai à casa de Débora, a porta está aberta. A mulher chora com uma foto dele entre os seios. Lembra-se do acidente há três anos. (mais…)

Homenagem ao minuto – Texto de João Pedro Feza

sábado, abril 19th, 2008

Você até pode ter um bom ano
Difícil é viver um grande dia

É preciso coragem para encarar os minutos
E admitir que são pouco aproveitados, coitados!

Preferimos a abstração e a utopia
De um balanço anual conformista (mais…)

A segunda via de Glauber Rocha – Texto de Fernanda Villas Bôas

terça-feira, abril 15th, 2008

O inventor do cinema novo, que usou metáforas para escancarar as contradições sociais do Brasil moderno, nem se lixava para as próprias contradições: ele se aproximou de Geisel e foi um machista intolerável, mas nunca deixou de defender as liberdade individuais

A frase foi inventada para ele: “ame-o ou o odeie”. Glauber Rocha, o mais visceral dos cineastas brasileiros, nunca provocou meias paixões. Era raivoso, nervoso, indócil. Tinha pressa para viver e não parava nunca. Talvez soubesse que morreria antes dos 60 anos (no mês passado, fez 26 anos que ele morreu) e, embora detestasse a idéia, sabia que um dia viraria um mito. (mais…)

A bananeira – Texto de Otávio Nunes

segunda-feira, abril 14th, 2008

“Marimbondo, vem fazer sua casa em minhasa za-za-za. Sai azar
marimbondo. Vem fazer no teto o que é correto. Eu já sou torto, solto
e louco e não posso te morar. Ah, ah. Ou vá curtir a bananeira, que
tem eira, eira, eira. E eu não tenho eira, nem beira, não. Não tenho
eira nem beira.”

(versos da música Marimbondo, de Marlui Miranda e Xico Chaves, gravada
por Sá e Guarabira, num maravilhoso arranjo de cordas, no célebre
disco Pirão de Peixe com Pimenta, onde está a famosa Sobradinho)

Capítulo I

Jonas se encaminhou ao fundo de sua chácara para a inspeção diária de
sua horta. Reparou que os canteiros de almeirão e rúcula já estavam
prontos para a colheita. Embaixo das árvores, à margem do rio,
vislumbrou as taiobas, verdinhas, também crescendo rapidamente devido
às chuvas da época. (mais…)

Não dá tempo

sábado, abril 12th, 2008

Você abre um suplemento literário e lê resenhas sobre livros que estão sendo lançados, obras reeditadas, anúncio de feiras literárias, e se pergunta se uma vida inteira é suficiente para lermos tudo o que queremos. Aí você olha para a mesa de cabeceira e vê empilhados os três livros que está lendo simultaneamente e mais alguns que quer reler e outros que não pode deixar de ler antes de morrer. (mais…)

violão – Texto de Thiago Roque

quinta-feira, abril 10th, 2008

e lá se foram 11 anos.
ele nem lembrava mais a última vez que pegou o velho violão no canto da sala para tocá-lo.
o cabelo comprido já tinha sido aposentado. um corte curto, a última moda em escritório-com-ar-condicionado, ditava as regras.
também não fazia idéia por que diabos olhou para o violão hoje e sentiu falta, feito carinho de mãe.
talvez culpa. (mais…)