Descascávamos as laranjas miúdas e doces, e as cascas desprendendo sumo que impregnava as mãos e os braços caíam sobre o capim, onde aos poucos, e com o passar dos dias, misturavam-se ao solo, talvez alimentando suas raízes ou apenas fundindo-se naturalmente com a história de seu bioma, por assim dizer, num sexo elementar em que a terra imemorial penetra o vegetal úmido, ou vice-versa, tanto faz (mais…)
Vejam como não tem muito segredo escrever sobre política no Brasil. É só atualizar a gramática. Publiquei este artigo no jornal “Bom Dia” em janeiro de 2006.
Tambores vazios
Os discursos políticos estão cada vez mais parecidos. E vazios. Com raros desvios de percurso, todos defendem basicamente as mesmas propostas. São textos decorados e escolhidos para soar bem aos ouvidos da população. Mas o pior mesmo é perceber cá embaixo, entre nós, plebeus compadecidos, a praga da mesmice. (mais…)
Não sei se foi Balzac, mas disseram uma vez esta frase que se perpetuou (algo assim): toda grande fortuna esconde um grande crime. Talvez ficasse melhor assim: toda fortuna esconde um crime. (mais…)
Será verdade essa história de que a apresentadora polêmica ganhou dos cofres públicos sem trabalhar? Não sei. Mas há muitas e muitas histórias do tipo. Por isso é bom a gente se agarrar às boas referências. Caso contrário, sei lá, afunda. (mais…)
Claro que eu não vou dizer aqui “e agora, cadê o pessoal que defende os direitos humanos?”. Porque o pessoal que defende os direitos humanos defende uma parcela da população que a sociedade marginalizou, encurralou, deixou quase sem saída. Defender os direitos humanos, portanto, mais do que obrigação, é praticamente um certificado, triste e necessário, de que ainda não deixamos escapar completamente o pouco de humanidade que nos resta. (mais…)
ASSOMBRANDO OS POLÍTICOS: manifestantes no Congresso Nacional (Foto: Agência Brasil)
Com todo o respeito de sempre às opiniões contrárias, acho uma grande bobagem essa história de ficar ligando o atual movimento das ruas a uma próxima eleição qualquer.
Vincular a importância das manifestações a um determinado resultado nas urnas soa ao velho espectro conservador e comodista que costuma marcar a política brasileira. (mais…)
Outro dia, vi uma entrevista do Reis Velloso, ministro dos governos Médici e Geisel, em que ele conta um detalhe curioso dos anos 1970. Diz que ele e Golbery (aquele) discutiam assuntos do governo enquanto estavam no banheiro, ambos sentados no “trono” (terminologia que ele próprio usa na entrevista). Bom, não é à toa que aquele período levou o país à merda.