O trabalho e os homens

A última vez que eu o vi foi na calçada de uma avenida. Carregava seu comércio ambulante. De chapéu e mangas longas para se proteger do sol.

Uns dias antes, casualmente, estava à minha frente na fila do caixa de certo estabelecimento. Quando chegou minha vez, o rapazinho do caixa despejou em tom de repulsa “Nossa, por que essa gente não toma banho? Que cheiro! Deu vontade de vomitar”.

Eu lembro vagamente do cheiro do meu pai quando ele voltava da roça. Era um vapor pesado de suor bruto obtido nos pés de café e na poeira, ao sol.

Tenho respeito pelo ambulante suado de sua luta. E pena do rapazinho engomado e fresco sob o ar condicionado.

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