Posts Tagged ‘Crônicas’

O graal e meus cachorros

sexta-feira, junho 2nd, 2017

Blog graal e meus cachorros

Eu tenho medo de que me falte o principal: o tempo.

É aquela sensação amarga da incerteza. Porque o depois é algo absolutamente imprevisível. Sua face é inalcançável, sempre. Então, sobra a esse respeito apenas um vazio incômodo. O abismo assustador entre Indiana Jones e o graal. Convenhamos, todos devemos sonhar com nosso graal, independentemente do quilate de seu metal ou da nobreza de sua madeira. Ele precisa estar lá, mesmo distante e protegido pelo grande vácuo, mesmo sendo às vezes quase inacessível, ele precisa estar lá, pois inevitavelmente sempre vamos para lá. (mais…)

Senhor juiz, desde já, peço a absolvição da criança que me matará

quarta-feira, dezembro 7th, 2016

Moro num bairro rico de São Paulo. Por conta da localização do escritório de trabalho, resolvi pagar um aluguel mais caro e ficar bem perto. Em compensação, economizei em outros gastos com locomoção. E, claro, com saúde. Suportar o trânsito diariamente por aqui é arriscar coração, fígado etc. Faz 21 meses que vim pra cá. E uma das coisas mais perceptíveis nas ruas é o vertiginoso crescimento de uma população invisível para os carniceiros que comandam o país: pedintes, desempregados, moradores de rua. (mais…)

Das 20h às 23h28

quinta-feira, março 17th, 2016

Chupa, Lula! Às oito horas, gritaram lá embaixo no momento em que fechei o vidro do nono, pendurei a bolsa no ombro direito (procedimento que se não me engano está começando a me dar dor nas costas) e desci a pé os quase duzentos degraus (alivia um pouco o peso da consciência), dei boa noite ao guarda-noturno que sempre me diz bom descanso pro senhor (pro senhor!), ganhei a calçada e dei de cara com dois caras, um negro alto e um branco baixo, ambos parados ouvindo algo no celular, que logo percebi como sendo a tal gravação Lula/Dilma. (mais…)

Personagens de Natal

domingo, dezembro 13th, 2015

Meus personagens são tão singelos que dá até vergonha.
Um é uma cadelinha vira-lata. Outro é uma mulher que não conheço. Os dois, a esmo, eu os encontrei na rua. Rua Tabapuã.
Disse-me ela, de cabelos desgrenhados: somos só eu e ela.
Eu parei.
Escurecia e garoava às cinco e pouco. São Paulo garoa a toda hora. (mais…)

Observatório do impossível

quarta-feira, outubro 14th, 2015

Daguerreótipo de 1841 C: Divulgação

É no mínimo estranha a sensação de olhar para si mesmo de fora, como se você fizesse parte da lista de personagens de um relato de ficção, como se você, por menos importante que tenha sido seu próprio passado, pudesse bisbilhotar seu próprio passado, pudesse bisbilhotá-lo através do olhar de um terceiro. (mais…)

Vivendo e (não) aprendendo a jogar

sábado, agosto 1st, 2015

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Estou aprendendo a andar de metrô em São Paulo.

Já sei que, ao subir a escada rolante, devo ficar à direita, permitindo assim a passagem pela esquerda de quem está com pressa. Minha filha me ensinou na semana passada. Aliás, deixar se conduzir, preguiçosamente, por alguém (no meu caso, pela minha filha) tem seu preço. Paguei hoje. Vergonhosamente, não sabia onde enfiar o bilhete na catraca. Sorte que bem atrás vinha uma moça simpática e me mostrou (claro, deve ter pensado Que babaca ou algo assim). (mais…)

Um inesperado (e misterioso) reencontro

quarta-feira, julho 29th, 2015

Moça de chapéu preto

Eu sinceramente nem lembrava mais.

Uma noite, talvez uns dez anos atrás, fui transportado para um povoado distante. As casas tinham telhados com extensas caídas, como em chalés de inverno, as ruas eram estreitas e o calçamento, rústico. Diante de uma das habitações, pessoas se aglomeravam e faziam gestos cautelosos, as vozes não passavam de cochichos, talvez assustados, ao menos era essa a impressão que eu tinha no sonho.

Com passos lentos e hesitantes, eu me aproximei e me enfiei entre a pequena multidão. (mais…)

To indo embora

segunda-feira, março 16th, 2015

Quando eu sair na Rondon – acho que depois do Trevo da Eny, e depois também do Alameda, acho que naquela descida onde a gente quase se sente um pássaro, talvez por lá –, vou precisar pensar em coisas malucas, coisas curiosas, engraçadas, impossíveis, surreais; afastar pensamentos que me joguem nos braços das lembranças; tentar a criação de um vazio momentâneo que possa me salvar do mergulho; vou precisar mentir pra mim mesmo (mais…)

Renascidos do inferno

terça-feira, março 3rd, 2015

O confronto entre dois Brasis – o que gostaria de se ver livre de Dilma e do PT e o que a elegeu e ainda acredita na presidente e na estrutura política que a sustenta – faz borbulhar neste momento a ignorância que geralmente permanece encoberta pela omissão nascida de receios, as bravatas sem sentido de gente desacostumada a discutir política, os rancores formulados a partir de bases frouxas e os ódios rasos quase sempre obtidos pela falta de argumentos. Tudo isso é verdade, mas há algo mais importante acontecendo: finalmente abrimos, em meio ao torpor do futebol e de todas as banalidades de nosso cotidiano, uma pequena fresta para olhar o que realmente importa. (mais…)

Sou do tempo que…

quinta-feira, fevereiro 26th, 2015

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Sou do tempo que, para falar com os amigos, a gente só tinha algumas opções: telefone, telefone celular, skype, twitter, facebook, whatsapp…

Sou do tempo que a gente estava lutando contra essa babaquice de norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste. (mais…)