Posts Tagged ‘Ana Flores’

Desse jeito é complicado

segunda-feira, março 1st, 2010

Não sei por quê, mas a palavra que mais tenho ouvido no noticiário diário do rádio – sou ouvinte assídua desse meio de comunicação – é o adjetivo “complicado”. Seja por pobreza de vocabulário dos repórteres, seja por sua compreensível tensão diante de uma situação trágica por cuja cobertura são responsáveis, ou simplesmente pela comodidade de lançarem mão de certos coringas da Língua, como, aliás, também vem acontecendo com o verbo “colocar”. Mas dele tratamos adiante. (mais…)

Sabores

sábado, janeiro 16th, 2010

Só depois que Diva entrou em sua vida é que Ramiro percebeu que antes dela nunca conhecera sabores verdadeiros. Jamais experimentara o embriagante sabor de vinho como o da boca de Diva. Quando conheceu e explorou as entranhas daquele corpo, encantou-se com o sabor de mel silvestre. (mais…)

Óculos, sapatos e outros estragos

quinta-feira, janeiro 7th, 2010

E lá se foi, pela oitava vez, mais um par de óculos de bronze do poeta, desde que sua estátua foi posta em sossego no banco da praia de Copacabana. A ideia original era mesmo deixá-lo sossegado, mas tá difícil, sô. Dessa vez entrou em cena a cavalaria e Rin Tin Tin (desculpem-me os mais jovens que não conheceram essas figuras) na forma de um maçarico para rejuntar os novos óculos de Drummond e dificultar o nono roubo, mas nessas alturas o assunto já entrou para o folclore sinistro do cotidiano carioca. (mais…)

Artes de saci

terça-feira, dezembro 1st, 2009

Desde pequeno ganhara esse apelido. Tinha as duas pernas, não fumava cachimbo nem usava gorro vermelho. Mas como escondia bem as coisas! Era alguém sentir falta das meias, do cachorro ou do tacho de goiabada, que já se sabia que era arte dele. (mais…)

Passando adiante

sexta-feira, outubro 2nd, 2009

Dia desses me veio à cabeça o antigo joguinho Escravos de Jó, em que as peças são passadas de parceiro em parceiro, ritmada e automaticamente, enquanto todos cantarolam a música que acompanha a brincadeira. E assim, as mesmas peças acabam voltando às mesmas mãos, num rodízio interminável. Lembrei-me dele diante da ciranda de mensagens e anexos que diariamente chegam às caixas de correio depois de navegarem pela rede. Lá pelas tantas, as mensagens acabam voltando à origem e o círculo se fecha. (mais…)

Que bom que tem solução

quinta-feira, setembro 3rd, 2009

Embora haja situações em que nós brasileiros já podemos nos considerar mais esclarecidos e conscientes, algumas ainda teimam em ser um verdadeiro desastre. E a campeã absoluta é a prestação de serviços. Essa está apenas engatinhando na vida do país e continua tomando um tempo desnecessário de quem dela precisa e quase sempre deixando a desejar. (mais…)

Dois minicontos de Ana Flores

terça-feira, agosto 4th, 2009

Afresco

Antes de pintar o apartamento para devolvê-lo ao senhorio, ela o chamou em casa e perguntou-lhe se gostaria de manter a poesia que ela escrevera numa das paredes da sala. Ele a leu várias vezes, caiu de amores, mudou-se para lá e manteve para sempre a poesia e a autora. (mais…)

Dois minicontos de Ana Flores

sábado, junho 20th, 2009

É DOCE MORRER DE AMOR

Você não faz ideia do que esses brincos de pingente de ametista vão fazer ao seu pescocinho longilíneo e macio. Ao seu perfil suave. E aos seus olhos cor de hortênsia. Experimenta e vê se não tenho razão.

Dizia coisas assim quando me presenteava com enfeites e bijuterias acompanhados de beijos. Tudo o que vinha dele me fazia bem, me alegrava o coração, despertava a mulher linda que se escondia em mim e que só acordou quando ele apareceu. É assim que me lembro dele, de cada momento amoroso que passamos juntos nessa felicidade difícil de explicar. (mais…)

Intolerância

quinta-feira, junho 4th, 2009

Seduza todas as mulheres que você desejar, Confunda-me com as desculpas mais esfarrapadas que sua imaginação criar, Convença-me de que o que eu estou vendo não é nada disso que eu estou pensando, Passe em branco o aniversário do nosso namoro, Ignore os bilhetinhos de amor que deixo na porta da geladeira para você. Mas nunca mais – ouviu bem? – nunca mais em sua vida recuse provar meu manjar de coco com calda de damasco. Isso eu não vou perdoar.

E-mail: anaflores.rj@terra.com.br

Balas, chamadas e outras perdas

domingo, abril 5th, 2009

Abro o celular e lá está o aviso de 4 chamadas perdidas. Provavelmente amigos que me procuraram para conversar ou simplesmente dizer que estão vivos e querendo me ouvir. Ou o funcionário de uma telefônica, provavelmente querendo me mostrar as maravilhas da empresa que ele representa e de como eu seria muito mais feliz se mudasse minha conta para ela. Não importa. Foram chamadas perdidas e não ouvi os amigos… mas escapei da propaganda. (mais…)