Chico Pedreira deu um tiro no vizinho. O homem foi caindo, quase em câmera-lenta, olho esbugalhado no Chico e da boca escorrendo sangue. Na janela, gritava a Mariazinha, mulher do Chico e causa do crime. (mais…)
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Um crime, um sorriso – miniconto de Leonardo Brasiliense
quarta-feira, março 9th, 2011Primeira lição de amor
sexta-feira, junho 18th, 2010Li o poema.
– Que bonito – a menina disse.
– Fiz pra ti.
– Duvido.
Está certa: escrevi para minha esposa, há quinze anos. (mais…)
O forte
domingo, maio 9th, 2010Joaquim era tropeiro. Atravessava o estado levando os bois, viagens de um mês, ou mais, tomando cachaça com os companheiros de lida, cozinhando em fogo de chão, dormindo embaixo de carroça, inverno, garoa, chuva, barro, frio. Naquele baile de campanha arranjou uma namorada, apaixonou-se, noivou e teve que providenciar um emprego mais estável e seguro. (mais…)
Que alívio
segunda-feira, abril 19th, 2010No início, era estranho. Ele nasceu diferente dos outros.
Na cidade, veio a rejeição, vieram os beliscões, era maltratado, todos riam dele.
Depois foi expulso. Passou dias difíceis, de muita solidão.
Finalmente, ao descobrir que era na verdade um lindo cisne, o Patinho Feio sorriu: para ele, nada neste mundo podia ser mais ridículo do que um pato. (mais…)
Solidariedade – Texto de Leonardo Brasiliense
sábado, outubro 10th, 2009Numa esquina da avenida mais movimentada, às sete da noite, o sinal fica verde, entretanto a carroça do papeleiro não se mexe. Os motoristas começam a buzinar. O papeleiro agita as rédeas, faz um som esquisito com a boca, e nada adianta. O cavalo empacou. (mais…)
Dois minicontos de Leonardo Brasiliense
sábado, setembro 5th, 2009Quando cai o barranco
Esticada a corda, saiu um homem do meio do barro. Assustado, perguntou as horas, agradeceu o resgate, arrumou o cabelo e foi embora correndo. Dos outros, só vieram corpos, sem pressa. (mais…)
Solidão – Texto de Leonardo Brasiliense
terça-feira, julho 14th, 2009Abri o livro e caiu dele uma flor seca. A julgar pelo tamanho das outras, faltavam duas pétalas. Que sofrimento levaria alguém a desistir no mal-me-quer e sepultar esse destino num livro velho da Biblioteca Pública? Me deu vontade de olhar o nome na ficha de retiradas, talvez procurá-lo. (mais…)
A mãe do Silvinho – Texto de Leonardo Brasiliense
segunda-feira, maio 25th, 2009Ela disse que o meu amiguinho não estava em casa mas me mandou entrar. Disse que gostava de mim porque eu era comportadinho e que ela queria conversar comigo um pouquinho. Me levou para o quarto e disse vem, senta aqui no meu colinho...
Me deu um tapão na cabeça porque a chamei de tia.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br
Cartão-ponto – Texto de Leonardo Brasiliense
domingo, maio 17th, 2009Matou numa virada o martelinho de pinga. Bebia com raiva. “Corno”, pensou, e pediu outra dose. A úlcera queimava. Olhou no relógio e faltava meia hora para poder chegar em casa. Pôs a mão na boca-do-estômago: “Essa mulher ainda me mata”.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br
Fotografia número 1 – Texto de Leonardo Brasiliense
domingo, março 8th, 2009É noite, e o ar da estação, amarelo. Ao fundo, o trem parado. Na gare há somente um casal de velhos sentados numa grande mala. Um baú atrás. Olham baixo, imóveis. Dali a dois metros as formigas carregam sobras de um inseto morto.
E-mail: lbrasiliense@uol.com.br