Archive for maio, 2007

Esvaziamento (outra versão) – Texto de Dudu Oliva

domingo, maio 20th, 2007

Conto de Clarice Lispector (ONDE ESTIVESTES DE NOITE. Editora Rocco, 1999) narra a história de uma amizade e sua deterioração. O conto narra, em primeira pessoa, a história de dois amigos que se separam sem que haja uma briga ou traição. Separam-se simplesmente por não mais haver afinidade e pelo empobrecimento da relação entre eles. (mais…)

Em nome do show – Texto de Leonardo Brasiliense

sábado, maio 19th, 2007

A grande fotografia da famosa atriz da pornochanchada, na parede da cela dezoito, surpreende cada nova presidiária. As outras vão logo explicando que ali ninguém é fã. Ela está é presa. Isso mesmo, fotografia presa. Esqueceu de lavar as mãos e foi denunciada pelo sangue da vítima. (mais…)

Um segundo antes

sexta-feira, maio 18th, 2007

Não consegui ler a notícia toda no portal, mas o título ficou na memória: “Goma de mascar danifica obra de arte”. Ignoro se a obra de arte era um quadro de alguns milhões de dólares, um manuscrito de um escritor de séculos atrás ou qualquer outra peça valiosa de coleção. O que me importa no momento é imaginar que alguém, com nada interessante a fazer na vida e sem nenhuma noção do que sua idiotice poderia provocar, estragou uma preciosidade. E me pus a pensar em como um pequeno ato de um segundo na vida de alguém pode interferir tão profundamente na vida de outros. (mais…)

Batismo – Texto de Leonardo Brasiliense

quinta-feira, maio 17th, 2007

Meu primeiro amor nasceu no primeiro dia da quinta série. Sentada na minha frente, ela vestia uma camisa azul como até ali só minha mãe vestia. As meninas até a quarta série só usavam roupa de criança. Então ela se virou e, narizinho torto e meio arrebitado, perguntou meu nome. Eu o disse como fosse a primeira vez.

E-mail: lbrasiliense@uol.com.br

O RG – Texto de Reinaldo Chaves

quarta-feira, maio 16th, 2007

Me abaixei para pegar um documento de identidade que encontrei na rua. Logo vi que tinha o meu rosto, apesar de mais jovem. O nome era outro e a data de nascimento também. Pensei que pudesse ser alguma falsificação, mas o número do documento era diferente do meu.

Guardei no bolso e fui embora pensando no homem da foto. Queria conhecê-lo, saber se é algum parente. No meio da manhã liguei para minha mãe e perguntei se conhecia aquele sujeito. A resposta foi uma pergunta:

- De onde você tirou esse nome? (mais…)

10 papos com Ruy Castro

quarta-feira, maio 16th, 2007

1 Você olha a produção literária nacional hoje e fica de bom humor ou de mau humor?
Ruy – De bom, claro. Existe uma romancista como Heloisa Seixas.

2 O terreno das novas produções está árido ou há alguma onda que se ergue no mar?

Ruy – Se você se refere às minhas produções, está para sair uma nova em junho: “Tempestade de ritmos – Jazz e música popular no século XX”, pela Companhia das Letras, com 58 artigos meus sobre esses assuntos. É meio que uma comemoração dos meus 40 anos de imprensa – sim! (mais…)

Sonhos – Texto de Dudu Oliva

quarta-feira, maio 16th, 2007

O sonho é a realização de um desejo (Freud)

I

Observo uma mulher à beira da piscina ela está nua com uma máquina de escrever sobre o colo seu corpo belo se contrasta com a máscara grotesca que usava ela olha para mim de repente tira a máscara seu rosto era uma cratera onde saiu a frase “Você é meu” vi-me amarrado pela frase que parecia uma corda de rodeio a qual os vaqueiros usam para enlaçar os bichos fui tragado pelo rosto-buraco da mulher nua (mais…)

Onda morta (novela de 32 capítulos)

terça-feira, maio 15th, 2007

Capítulo 1

– Meu Deus! Você tem idéia do que pode ter sido?
– Não sei… Não sei… Como eu posso saber?
– Alguém aqui pode me explicar o que aconteceu? Há alguém ferido? Estão me ouvindo? Ei! Mas o que é que está havendo?

*** ***

– Todo mundo vai ficar aí parado? Vocês ficam aí com os olhos vidrados em quê?
– Escute, amigo, nós estamos tão sem jeito quanto você, só que talvez você fale demais…
– Mas eu quero apenas conversar… apenas conversar… (mais…)

A viúva de meu pai

terça-feira, maio 15th, 2007

Às senhoras respeitáveis e às moças pudicas, aos homens hipócritas e aos meninos santos, a quem possam ferir as palavras chulas e as vísceras de minhas infâmias, a estes, e por estes, detenho-me a um passo do precipício: haverá outras leituras que causem menor incômodo. Aos outros, nada digo, senão os próprios termos de minha devassidão. (mais…)

“Como dois e dois são quatro…” – Texto de Fernanda Villas Bôas

segunda-feira, maio 14th, 2007

Os Alcoólicos Anônimos, a irmandade pioneira dos grupos de ajuda mútua, difundem uma frase lapidar entre seus freqüentadores: “viva um dia de cada vez”. A frase não serve apenas para quem tenta se livrar de uma compulsão, mas para todas as pessoas que precisam enfrentar adversidades, desencontros ou abismos internos pelo menos uma vez na vida. Ou seja, qualquer um de nós. (mais…)