Archive for janeiro, 2010

Instantes

segunda-feira, janeiro 18th, 2010

uma leve batida de carro/
um homem escuta música alta no automóvel/
alguém conversando no celular, parece estar em casa/
malabaristas arranjando uns trocados com suas habilidades/
uma casal corre de mãos dadas para pegar a condução lotada/
lá em cima a lua impera, apesar de não representar nada neste momento;
pois, os transeuntes apressados não a olhavam/

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

Tragédias não se comparam

sábado, janeiro 16th, 2010

Há pessoas comparando tragédias. Angra e Haiti. Tragédias não se comparam. Tragédias nos subtraem. Às vezes mais, às vezes menos, mas sempre nos subtraem. (mais…)

Sabores

sábado, janeiro 16th, 2010

Só depois que Diva entrou em sua vida é que Ramiro percebeu que antes dela nunca conhecera sabores verdadeiros. Jamais experimentara o embriagante sabor de vinho como o da boca de Diva. Quando conheceu e explorou as entranhas daquele corpo, encantou-se com o sabor de mel silvestre. (mais…)

Plataformas

sábado, janeiro 16th, 2010

O mundo hoje está separado em dois: o das plataformas tecnológicas, que anunciam uma profunda transformação no modo de se informar, de ler, de ver TV, de ouvir música, de se modernizar; e o das plataformas reais, que vivem alagadas, fétidas e pobres.

Faca cravada no peito

sexta-feira, janeiro 15th, 2010

A saudade é uma faca cravada no peito em cujo fio derramamos o mais involuntário dos sangues. Não é nada que possamos programar. Evitar. Ampliar. Ou reduzir. Ou disfarçar. Quando essa faca se mexe, sangramos. Neste começo de janeiro, sozinho e distante, sinto saudades de tudo (como disse Fernanda Montenegro em “Central do Brasil”).

Sopa amarga

quinta-feira, janeiro 14th, 2010

Sozinho em casa (o pessoal está em férias na praia), andei com uma pequena virose por estes dias. Por isso, resolvi fazer uma canja – que levou, além do arroz e do frango e dos temperos, um pouco de batata. Dizem que batata é bom para quem está meio doente. Peguei o prato e fui comendo e andando para sala. As primeiras duas colheradas foram boas. Mas depois, sentei-me em frente à televisão para ver, no Jornal Nacional, os horrores do Haiti. Não dá para comer nada saboroso pensando na tragédia lá. Comer, mesmo que seja uma canja ou uma sopa, me dá vergonha.

Óculos, sapatos e outros estragos

quinta-feira, janeiro 7th, 2010

E lá se foi, pela oitava vez, mais um par de óculos de bronze do poeta, desde que sua estátua foi posta em sossego no banco da praia de Copacabana. A ideia original era mesmo deixá-lo sossegado, mas tá difícil, sô. Dessa vez entrou em cena a cavalaria e Rin Tin Tin (desculpem-me os mais jovens que não conheceram essas figuras) na forma de um maçarico para rejuntar os novos óculos de Drummond e dificultar o nono roubo, mas nessas alturas o assunto já entrou para o folclore sinistro do cotidiano carioca. (mais…)