O velho e o mar

Nelson Rodrigues tinha uma receita peculiar a respeito dos livros: ler poucos e muito. Ou seja, para ele, era preciso reler muitas vezes os mesmos livros. Já escrevi aqui no blog que não concordo, mas se eu tivesse de escolher alguns livros para seguir a receita, um deles seria, sem dúvida, “O velho e o mar”.

Acabo de reler a maravilhosa obra de Ernest Hemingway (edição da Bertrand Brasil que ganhei da minha segunda mãe – dona Rita).

Uma das citações da orelha (do escritor e crítico Cyril Connolly, que morreu na década de 1970) diz assim: “... Compre o livro, leia-o imediatamente, deixe passar alguns dias, leia-o novamente, e irá verificar que nenhuma página desta bela obra-prima poderia ter sido escrita melhor ou de forma diferente.”

A observação é de uma felicidade ímpar.

O livro, que colaborou muito para que Hemingway conquistasse o Prêmio Nobel de Literatura em 1954, é daqueles textos que parecem penetrar em nossos poros de modo a nos fazer sentir o cheiro do mar, o cheiro de praia de pescadores, o cheiro de restos de peixes e de uma natureza que, a despeito de nosso desprezo, vive generosamente em nosso âmago.

O embate do velho Santiago com o inacreditável peixe que ele consegue fisgar e com a falta de sorte que o persegue há quase três meses é o embate que travamos todos os dias com nossos medos e incertezas, é a personificação da esperança capaz de nos mover adiante qualquer que seja a circunstância.

A relação do velho Santiago com o menino que o ajuda e o admira é a certeza de que o homem pode mais. Muito mais.

Hemingway, o autor da obra-prima de 1952

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