Prisioneiros do Brasil

Quando as toucas cobriam a cabeça, era só o frio, o doce frio dos trópicos, constrangido e pedindo licença para agir em campos tão febris.

As armas, mesmo sob seu estigma de insensatez, resvalavam na pureza contestada de uma caça em noites de luar.

A morte, como sempre triste, deixava o sangue aos poucos aplacar, dentro de suas veias velhas amigas, a quentura da vida.

Nada é como sempre. A metamorfose dobra mesmo a mais funda cólera.

A angústia, por exemplo, bate forte como nunca se viu numa terra que é esta mesmo, onde impera a impotência diante da violência.

A população, cada vez mais presa às suas próprias casas por grades e cercas elétricas, cerceada em seu legítimo direito de ir e vir, vê aumentar a distância daquele clarão no fim do túnel.

Não, filhos de Brasil, não será amanhã, tampouco depois, que cairá sobre vocês, sobre nós, a benção de nossas vontades.

A produção de criminosos está diante de nossos passos e temos que, antes, superar tal obstáculo.

Enquanto não for assim, viveremos sob a dúvida cruel: quem, na realidade, é prisioneiro neste país?

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