1982, Barcelona

Tanto tempo se passou! O jovem que eu era já se transformou apenas numa viva recordação de minha memória, hoje tenho filhos que namoram e planejam entrar na faculdade, meu casamento nem sei quantos aniversários completou. Mas assim mesmo não se põe um dia sem que aquelas imagens pairem, nítidas, diante de meus olhos. Primeiro, o zunido do vento breve e violento; depois, o sol insubordinado e veloz; e por fim, o terrível ruído guinchando em nossos ouvidos, ao mesmo tempo em que sobre nossas cabeças o céu se fecha abrupto, como se fosse nos tragar através de suas brumas, e estas num só instante se tornam breu. O que houve de errado para que só a mim, entre tantos outros, restasse a lembrança? Não dizem que somos peças de uma grande engrenagem? Quantas vezes uma só peça, por mais insignificante que seja, compromete toda a máquina? É como penso: sou uma peça assim.

Em 1978, eu tinha 16 anos. Quando a Copa do Mundo estava para começar, havia uma certeza em minha mente: quatro anos mais tarde, eu faria de tudo para estar lá, vendo os jogos das arquibancadas. No Brasil, boa parte dos garotos, acho que a maioria, adora futebol. Comigo não foi diferente. Eu estava pouco me lixando para os problemas políticos da Argentina, sob ditadura militar, naquela época da maior competição futebolística do mundo. A bola rolando é que me interessava. Acompanhei todos os jogos pela televisão e pelo rádio. A Copa da Argentina foi o começo da minha contagem regressiva para o Mundial da Espanha, realizado quatro anos depois. Com o apoio de meu pai, juntei-me a um grupo de brasileiros que procurou se programar com uma grande antecedência para a extraordinária excursão à Europa. Em 1982, lá fomos nós para a belíssima terra dos espanhóis. Bom, acho que antes de me adiantar nestas linhas, devo dizer que, embora o futebol seja o responsável pelo desencadeamento do episódio que pretendo relatar, não é apenas de futebol que se trata. Antes fosse, eis meu desejo, pois o que me aconteceu sob aquele sol escaldante de meio de ano da Península Ibérica, só agora, vinte e tantos anos mais tarde, é que me disponho a narrar, e mesmo assim, sob este meu pseudônimo: Paolo (os que se lembram do dia 5 de julho de 1982, quando a Itália derrotou o Brasil na chamada “Tragédia do Sarriá”, compreenderão este “Paolo”).

Mesmo que o aspecto crucial desta história não seja um lance do futebol, precisarei explicar, ao menos por alto, os contornos sob os quais se pintava a numerosa torcida brasileira presente aos jogos de nossa seleção. Aquele time, comandado pelo técnico Telê Santana, jogava um futebol vistoso, ofensivo, alegre, assim como todos nos encontrávamos naqueles dias entre junho e julho na Espanha. Para nós, dificilmente o Brasil deixaria de levantar o tetracampeonato. Com uma programação previamente acertada, minha excursão procurou acompanhar basicamente os jogos do grupo do Brasil, formado também pelas equipes da então União Soviética, da Escócia e da Nova Zelândia. Permanecemos em Sevilha, naquela Andaluzia muito simpática e hospitaleira. Mesmo respirando futebol, nós aproveitamos também para conhecer locais históricos, como o Castelo de Alcázar, que data do século 14. Também fomos várias vezes à torre da Catedral de Sevilha, de onde se pode ter uma belíssima visão panorâmica da cidade a mais de sessenta metros de altura. Essa catedral tem uma história interessante. Sua construção, em estilo gótico, tem origem numa mesquita erguida pelos mouros. Posteriormente, foi reformada e ampliada pelos reis católicos, mas manteve traços da antiga edificação. Os pontos mais atrativos, entretanto, são suas capelas, que trazem pinturas de Murillo e Goya. Foi numa dessas que eu me ajoelhei antes da estréia do Brasil e supliquei por uma conquista que, na verdade, todos nós considerávamos como certa. Logo depois de deixarmos nosso hotel, na Plaza de los Venerables, encontrávamos outros torcedores brasileiros e rumávamos para o estádio. A festa era magnífica. A maioria dos torcedores espanhóis engrossava nosso coro durante as partidas. Na primeira fase, vencemos todos os nossos adversários, garantindo o primeiro lugar do grupo. Por isso, a seleção deixou Sevilha e foi se instalar em Barcelona. Claro, nós fomos atrás.

Por sorte, arrumamos um hotel em Las Ramblas, uma rua de agitação deliciosa, cujos bares e restaurantes vivem cheios de turistas e que naquela época de Copa do Mundo fervilhavam ainda mais. Já voltei duas vezes a Barcelona a trabalho, mas o primeiro impacto foi impressionante. Ver de perto a arquitetura de Gaudí é algo extraordinário. Às vezes, conhecendo suas obras, que se espalham por toda a cidade, eu cometia o sacrilégio de me esquecer da própria Copa. Numa dessas ocasiões, nós visitávamos a Catedral Sagrada Família, que se assemelha a uma construção feita com areia molhada de uma praia qualquer. Em seguida, para pagar meu pecado, também ali rezei pela nossa seleção, que agora ingressava numa fase aguda da competição. Três embates de intensa rivalidade compunham a chave brasileira naquela segunda fase. Pela ordem, jogariam Itália x Argentina; Brasil x Argentina; e Brasil x Itália. No primeiro duelo, os italianos levaram a melhor: 2 a 1. Os brasileiros também venceriam os argentinos poucos dias depois, e melhor ainda, por 3 a 1, o que lhes permitiria a vantagem de jogar apenas por um empate contra a Itália para seguir adiante. Aliás, aquela partida era considerada como uma espécie de final antecipada do Mundial. E essa previsão, a história mostrou, não estava equivocada. A Itália, que venceu o jogo, marchou firme até a final e conquistou a Copa. Bom, mas o que desejo revelar aconteceu ainda no Estádio Sarriá, em Barcelona, e foi durante o fatídico Brasil x Itália, em que Paolo Rossi fez três gols e mandou os brasileiros de volta para casa. Tudo isso, entretanto, poderia ter acabado de outro modo.

DUAS HORAS ANTES DO JOGO

Ao lado de três colegas de viagem, deixei o hotel onde estávamos hospedados. Eu havia dormido mal na noite anterior, resultado do embalo nos bares de Las Ramblas, incluindo calientes espanholas com as quais fizemos amizade e outras cositas mas. O caso é que acredito ter exagerado na bebida. Acordei com aquela sensação horrível de ressaca, que só curei parcialmente no meio do dia, após ter voltado para a cama debaixo de uns remédios para dor de cabeça. Então, a duas horas do grande duelo, saímos. Confesso que não estava totalmente refeito, mas quem já viveu uma situação desta poderá me compreender: dali a pouco, faríamos um jogo decisivo e tínhamos tudo para passar à fase seguinte. Se isso ocorresse, só restariam a semifinal e a tão sonhada final. Já podíamos imaginar o desfile de Sócrates, Zico, Falcão e aquele timaço de Telê. Com esse espírito, que torcedor se importa com uma ressaca mal curada?

NOVENTA MINUTOS ANTES

Na porta do Sarriá, lembro-me de ter feito involuntariamente o sinal da cruz. Para ser sincero, nunca gostei de exibir minhas crenças em público, mas ali, levado pela corrente de torcedores vestidos de verde e amarelo que ingressavam no estádio, parecia haver uma onda elétrica no ar, algo que nos deixava à mercê de nossos mais puros sentimentos. Na verdade, a torcida italiana estava em maior número, mas os brasileiros multiplicavam suas energias a ponto de causar admiração nos rivais.

UMA HORA ANTES

O sol estava de rachar. A cada minuto, crescia a tensão no estádio. Já nos encontrávamos acomodados em nossos lugares, mas era impossível permanecer sentados. Toda a torcida se agitava bastante, tanto os brasileiros quanto os italianos. Os gritos de “Azurra, Azurra” sobressaíam-se. Havia muitos italianos no Sarriá. Também, pudera. Ao contrário do Brasil, a Itália fizera uma péssima primeira fase. Empatara os três jogos, dois deles contra equipes sem nenhuma tradição (Peru e Camarões), e por pouco não deixara escapar a classificação. Depois da vitória contra a Argentina, as forças deles se renovaram. Embora eles soubessem do nosso favoritismo, tratava-se de um grande clássico do futebol mundial. Acho que levado por essas emoções que iam se avolumando, fui me esquecendo daquele mal estar que me acompanhava desde cedo. Aos poucos, fiquei bem, pronto para a festa.

MEIA HORA ANTES

Um jogo de Copa do Mundo é muito diferente das demais competições. Às vezes, ocorrem cenas impensáveis para grandes clássicos entre clubes. Numa dessas, um torcedor italiano se desgarrou da massa azul e veio dançar nosso samba. Era um sujeito de meia idade, inteiramente calvo. Eu já o tinha visto minutos antes, quando ele surgiu no estádio com uma enorme bandeira com as cores da Itália. Ele não a soltava nem por um instante, a não ser quando veio falar comigo. Nesses poucos minutos, tive que ajudá-lo a segurar a bandeira. Valendo-se de um esforço para pronunciar um confuso portunhol, ele me dizia que haveria uma grande surpresa para nós, os brasileiros. Eles, os italianos, ganhariam. Depois de uns cinco minutos, tempo em que repetiu por diversas vezes sua profecia em meu ouvido, ele voltou dançando para o meio de sua torcida, onde agitava freneticamente seu estandarte imponente.

QUINZE MINUTOS ANTES

Algo curioso ocorreu. O italiano com a enorme bandeira não estava mais naquela parte do estádio bem ao nosso lado. Comentei com meus companheiros: como um sujeito com uma bandeira daquelas poderia sair dali assim tão rápido? Seria impossível. Procurei me aproximar da torcida azul, mas mesmo assim não o vi mais, nem antes nem durante a partida. Simplesmente ele desaparecera. Meus amigos não se preocuparam com o episódio. Ocupados com suas cervejas, nem sei se eles perceberam quando o sujeito veio ter comigo. Já faltava muito pouco para o jogo começar e a expectativa era pela entrada das equipes, o que começava a ocorrer naquele exato instante.

NA HORA DO COMEÇO

Quando o árbitro autorizou a saída, tive a impressão de ter visto, de esguelha, o torcedor italiano com sua bandeira, mas foi apenas impressão minha. Realmente, aquilo havia mexido com meus sentidos. Eu não me conformava com o desaparecimento. Mas muito depressa, tratei de me esquecer dessa situação. Eu queria curtir muito o jogo contra a Itália, vibrar com uma grande vitória, que certamente viria. E ao pensar assim, ouvi nitidamente a voz do sujeito em meu ouvido, alertando-me sobre uma surpresa que haveria.

CINCO MINUTOS DE JOGO

Meu Deus! Há um segundo, a bola era nossa, mas de repente vi nossas redes balançando. Paolo Rossi correu para a torcida, enquanto eu, boquiaberto, fiquei esperando o replay. Só então me lembrei que não haveria replay. Eu estava no estádio e não na frente de um aparelho de TV. Tinha perdido o lance. Sabe quando você está tão sossegado, a bola com um dos nossos, e há um momento para relaxar? Pois é, foi nesse lapso que houve o início da tragédia. Um a zero para a Itália.

DOZE MINUTOS

Os italianos mal tiveram tempo para comemorar a vantagem. Sócrates empatava o jogo num chute cruzado, indefensável para Zoff. Enlouquecemos de alegria. Tudo voltava a entrar nos eixos. O Brasil, que precisava apenas de um empate para ir à semifinal da Copa, tinha ainda 78 minutos para fazer mais gols, quem sabe aplicar uma goleada no pobre time da Itália, que até ali, em quatro jogos, só havia ganho dos argentinos. Olhei para a torcida italiana. A massa vivia um momento de absoluto silêncio. E nada do sujeito calvo com sua bandeira!

VINTE E CINCO MINUTOS

Não podia ser possível! Outra vez esse cara na nossa vida? Paolo Rossi desempatou e jogou um balde de água fria e muita, mas muita, preocupação sobre a torcida brasileira. Aquele era o segundo gol do mesmo Paolo Rossi. Tudo bem que havia bastante tempo para o Brasil se recuperar, mas algo novo e pavoroso começou a surgir dentro de minha mente, e era o seguinte: a Itália podia nos vencer.

INTERVALO

Não sei o que aconteceu com a maioria dos nossos torcedores, mas nosso pequeno grupo se prostrou de tal maneira que não me lembro de termos conversado durante os quinze minutos de intervalo. Um frio na barriga me incomodou até o início do segundo tempo.

VINTE E TRÊS MINUTOS

Houve uma explosão tão grande quando o Falcão detonou sua bomba, que um de meus companheiros só conseguiu retomar seu lugar ao nosso lado cinco minutos mais tarde. Dias depois, já no Brasil, vi o gol do Falcão na TV. Aquelas veias que saltavam de seu pescoço, durante seu rugido emocionado, também foram nossas veias fora das quatro linhas. Gritamos feito loucos, liberando toda tensão armazenada em metade do segundo tempo. Dois a dois. Com esse resultado, estávamos novamente classificados.

VINTE E NOVE MINUTOS

Quando Paolo Rossi fez o terceiro gol da Itália, involuntariamente eu procurei em meio à torcida azul aquele sujeito. Como ele pôde se atrever? Em vez de despejar minha raiva de torcedor naquele carrasco do Paolo Rossi, foi a figura calva e suada de meu rival de arquibancada que mereceu na minha imaginação todos os piores insultos que eu conhecia. Mas o curioso é que o time brasileiro era de tal forma superior a seu adversário que, mesmo a aproximadamente quinze minutos do final, todos nós acreditávamos muito em um novo empate. Tanto é que um ou dois minutos depois de levarmos o terceiro choque da tarde, já estávamos de novo incentivando, decididos, a nossa seleção. O empate, certamente, viria.

QUARENTA E CINCO MINUTOS

Meu coração parecia querer sair pela boca. Eu mal conseguia olhar para dentro do campo. Ao meu lado, torcedores brasileiros já choravam sem vergonha nenhuma. O sonho do tetra diluía-se a cada segundo. A derrota, e principalmente naqueles moldes, era algo inimaginável para todos, acho até que para uma boa parte dos adversários. A massa azul não se continha, mas de repente, houve um ataque brasileiro. Já estávamos em cima da hora, o período regulamentar de jogo praticamente se esgotava. Uma bola foi cruzada, acho que de um escanteio (digo “acho” porque naquele instante havia uma grande confusão de torcedores na nossa frente e minha visão se encontrava prejudicada, e depois, até hoje, jamais quis ver aquele lance novamente), e por entre os defensores italianos surgiu nosso zagueiro central, o Oscar. A cabeçada saiu potente, no canto esquerdo de Zoff. O goleiro italiano saltou extraordinariamente para a bola, mas chegou tarde. Aos quarenta e cinco, talvez um pouco mais, Oscar, de cabeça, fez a rede italiana balançar pela terceira vez. Oscar nos livrou de nosso terrível claustro de sofredores. Por alguns minutos, nossa torcida se tornou um bando de insanos, saltando como macacos, como sapos, como homens felizes. Enquanto isso, Oscar correu ao banco brasileiro, todos os jogadores saltaram sobre ele. Nunca vi uma comemoração tão fantástica. O juiz distribuiu dois ou três cartões amarelos. Logo, a partida recomeçou e veio o apito final. Três a três no placar. Brasil classificado.

DEPOIS

Tinham se passado uns quinze minutos desde o apito que pôs fim ao jogo, e a torcida toda, tanto a amarela quanto a azul, não queria deixar o estádio. As equipes já haviam ido para os vestiários, mas nós permanecíamos lá, brasileiros em festa que não se pode explicar, italianos como se num velório estivessem. Pouco antes de deixarmos o Sarriá, acompanhando a corrente humana que, finalmente, decidira se movimentar para continuar a comemoração pelas ruas de Barcelona, olhei para o local de onde surgira o tal italiano com sua grande bandeira e, para minha admiração, avistei-o entre seus compatriotas chorosos. Ele, entretanto, não demonstrava qualquer angústia. Aos poucos, começou a desfraldar seus panos enrolados e nisso fixou seu olhar em minha direção. Eu, que já me preparava para sair, detive-me por um momento. O italiano sorriu, sarcástico, para mim. Então, sem compreender, deixei-me levar pelo efeito dominó que comprimia os torcedores no rumo dos portões de saída. Mas, antes que pudéssemos sair, houve o inimaginável.

O dia claro, de um sol abrasador, fechou-se rapidamente sob pesadas nuvens negras que vagavam pelo céu à mercê de um vento que sibilava pavorosamente. Uma espécie de vozearia incompreensível invadiu meus tímpanos, e acho que os de todos ali. Ao olhar para cima, achei que seria o fim do mundo: o sol, veloz em meio às nuvens negras, parecia fazer o percurso inverso de sua jornada, mas antes que eu pudesse me certificar disso, uma densa bruma nos envolveu e rapidamente jogou sobre nós a escuridão. Daí para o instante seguinte, acho que não houve tempo para um piscar de olhos, até que – por Deus! – lá estávamos outra vez no Sarriá, vivendo os últimos segundos daquele terrível pesadelo. Enquanto eu não compreendia absolutamente o que poderia ter havido, os demais torcedores, incluindo meu grupo de colegas, reviviam toda a tensão da qual eu me recordava perfeitamente. Naquela mesma hora, vi Oscar subindo no meio dos zagueiros italianos. Sua cabeçada saiu firme, no canto esquerdo de Zoff. O goleiro italiano, num salto fantástico, deteve a bola em cima da linha. Era o fim. A Itália venceria o jogo pouco depois. Não havia como reclamar do episódio que só eu parecia lembrar. Pasmo, quase sem poder pronunciar as palavras, ainda tentei argumentar com um dos meus companheiros: “essa bola entrou, essa bola entrou”. E ele me respondeu: “acho que não, acho que não”. Como eu poderia ter sido levado a sério se insistisse numa história assim?

Acho que não há necessidade de expor os sentimentos e as dúvidas que ainda me perseguem. E essa amálgama de sensações que em muitas ocasiões permeia meus pensamentos não se refere propriamente ao futebol, mas sim ao episódio em si. O que pode ter havido naquela tarde em Barcelona? Será que algo assim ocorre com freqüência e um mecanismo desconhecido em nossas mentes, ou de alguma forma operado, cuida para que nos esqueçamos de tudo, como aconteceu com toda a gente? Quanto ao futebol, sinto muito pelo fato de nenhum brasileiro ter passado pela emoção que vivi no espetacular empate de 1982 contra a Itália. Perdoe-me, leitor, mas prefiro parar por aqui, embora, antes, ainda tenha algo a dizer. Na época da Copa da França, em 1998, foi lançado um livro que traz um conto interessantíssimo. Pelo fato de, ao menos até hoje, ter me esquivado decididamente de tudo o que pudesse me levar a reviver os aspectos daquele incrível jogo contra a Itália, não cheguei a ler o conto assinado por Octavio Aragão. Li apenas uma breve sinopse não me lembro onde. Diz que a idéia de Aragão foi criar a Intempol – a polícia internacional do tempo. Um agente dessa polícia viaja ao passado, exatamente ao dia 5 de julho de 1982, e, antes da partida, comete um atentado contra Paolo Rossi, impedindo-o assim de marcar três gols pela Itália e tirar o Brasil da Copa. “Eu matei Paolo Rossi” é o nome do conto. Agora, quando escrevo estas linhas, e enquanto me lembro daquele italiano calvo sorrindo sarcasticamente para mim ao fim do jogo em que, tenho certeza, empatamos com a Itália, fico aqui matutando: a idéia de Octavio Aragão sobre voltar no tempo e impedir a tragédia do Sarriá foi mesmo bacana, mas, desgraciatos!, teriam os italianos conseguido voltar de verdade?

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