Um complexo debate na madrugada

Hoje. Três, talvez três e meia.

(Voz distante)
– Você ficou lá lambendo ela, puxando o saco.

(Trecho incompreensível)
- Eu... ninguém... falei...

(Mais perto, ríspido, embriagado)
- Ficou, ficou, você é um babaca, isso sim.

(Também embriagado)
- Só falei com ela, porra!

(Agora puto da vida)
- Eu sei, eu sei que você falou, ficou lá que nem uma besta, é isso que você é, uma besta.

(Meio que achando graça, uma risadinha de bêbado)
- O que eu fiz de errado? Que tem falar com ela?

(Quase violento, aos berros, bem perto)
- Nada, só que você é puxa-saco, puxa-saco!

(Cachorros latem)
- Você é louco.

(Cachorros latem, o pernilongo pica)
- E você é uma besta.

(Cachorros latem, o vento sopra, um carro passa veloz)
- Só falei com ela.

(Voz distante)
- Por trás você é machão, mas quando ela tá por perto você fica mansinho.

(Também distante)
- Você tá louco.

(Trecho incompreensível)
- Louco... você... boca... besta!

(Silêncio)

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