A primeira Teta ninguém esquece

A primeira Teta que vi, claro, foi a da minha mãe. Aliás, foram as primeiras tetas. Porque, afinal, elas são duas. Mas eu não me recordo delas, embora eu tenha mamado até 4 anos de idade (eu sei, um absurdo!) e minhas lembranças tenham origem bem antes disso – aos 2 anos.

Curiosamente, naquela época pronunciar “teta” era quase dizer um palavrão. E pensando bem até hoje ela é pouco usual (digo a palavra), mesmo sendo antes de mais nada nossa primeira fonte de alimento.

Mas uma coisa é certa: sua presença entre nós, sob o ponto de vista das referências psicossexuais (existe?), é de uma complexidade magnífica. Talvez a única coisa capaz de derrotá-la nesse aspecto seja o pênis. Aliás, o Pinto (para aqui igualar a terminologia ao mesmo patamar de Teta).

E mesmo assim porque esse ser mitológico (o Pinto) é objeto de numerosos estudos da psicanálise e afins, enquanto a Teta acaba, por motivos óbvios, sendo de certa maneira preservada no sentido de que ela é como uma deliciosa rainha: nossas fantasias ficam escondidas sob o respeito que devemos a ela.

A primeira vez (que eu me lembre) que vi uma – aliás, duas – foi no meio de um cafezal. Era uma moça de pele morena, talvez uma adolescente. Ela estava trabalhando na roça e, sem perceber que havia alguém olhando, ergueu a camisa e livrou-se do sutiã (que devia estar incomodando).

Eu era um garoto que fazia pouco tinha acabado de ser desmamado. Também não sei mais o que senti. Mas uma coisa ficou pra sempre na minha cabeça: inexplicavelmente, um beija-flor a sondou bem de perto, acho até que o pequeno bico do pássaro atrevido aproximou-se tanto tanto de um de seus mamilos bem escuros que a fez se arrepiar e proteger as tetas com as mãos enquanto vestia de novo a camisa listrada sob um sol de lascar.

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