A vigília de seus olhos

Quando há algum tempo eu os vi, os olhos, eram como duas grandes bolas translúcidas confundindo-se com as árvores da praça que eu contornava.
À medida que eu caminhava, vencendo esfericamente o contorno da praça, eles também a circundavam, posicionando-se sempre no meu flanco.
No início, apavorei-me e agi equivocadamente. Mas depois, com o passar do tempo, eu os compreendi.
Deles, não emanava qualquer aura que me causasse uma sensação de medo ou algo parecido. Eles apenas estavam lá.
À sua vigília, sobrevinha-me, isto sim, um sentimento de segurança que se entrelaçava a uma estranha satisfação.
Você já os viu?
Quando acontecer, não vá se entregar ao pavor, a uma fuga sem sentido. Porque não adiantará.
Você deve apenas servir-se deles de modo a seguir seu caminho sem que isso os deixe tristes.
Porque suas lágrimas ardem na pele quando nos tocam. Eu as senti nos primeiros tempos, quando me apavorava.
Hoje, não. Quando às vezes demoro para vislumbrá-los, aí sim uma ideia de pavor vai aos poucos tomando forma em meu íntimo, até que eu sinta sua presença novamente, acompanhando meus passos, serenando-me, assegurando-me da direção correta.
Você precisa apenas aceitá-los. São seus olhos, aqueles lá.

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