Honra e consciência

Honra uruguaia

Se houvesse a possibilidade de alguém cair em pé, como muitas vezes se disse a respeito de quem perde com honra, este alguém, hoje, teria sido o Uruguai.

Sem a melhor técnica, que é da Holanda, que era favorita na semi, que não será favorita na final qualquer que seja seu adversário, os uruguaios honraram a camisa. Honraram a América do Sul. E poderiam até ter vencido. Quase virou o jogo e, na virada holandesa, houve gol irregular.

Enfim, como os uruguaios, estou satisfeito com a velha celeste olímpica. Como deve ser bom estar satisfeito com sua seleção!

Consciência, avante!

Para o Brasil, a Copa acabou. Para quem gosta de futebol, só acaba mesmo domingo. Depois, da mesma maneira que a nação se reuniu para torcer, da mesma maneira que a nação sonhou, seria bom a nação agir.

Copa do Mundo é uma grande festa do esporte mundial. E, no fundo, uma grande festa cívica. Vejam a mobilização das populações dos países participantes. É algo tocante. Como já escrevi aqui, ao menos no Brasil não há nada parecido. E assim também é em vários outros países.

O caso é que a Copa acaba e a vida segue. A interferência da Copa em nossas vidas é apenas momentânea. Causa frustração ou alegria. E, independentemente de um ou outro estado de espírito, vamos adiante.

O mesmo não se pode dizer das eleições. Já disseram muitas vezes: como seria bom se o brasileiro desse às eleições a mesma atenção que dá à Copa. Com toda a certeza, a política nacional estaria melhor. Assim como o futebol está.

A seleção brasileira era tida, até meados do século passado, como dona da síndrome do cachorro vira-lata. Abaixava a cabeça diante de sua “reles insignificância”. Amarelava literalmente. Mas, afinal, estamos no país do futebol. E assim a pressão popular, as preocupações com a necessidade de se melhorar nosso futebol, as ações para melhorar nosso futebol, tudo isso surtiu efeito. Em 52 anos (de 1958 a 2010), o Brasil levantou cinco taças. Inigualável!

Já a política ficou para trás. É, em síntese, é na essência, a mesma política do século passado. Modernizada, é verdade. Modernizaram o modo de ludibriar a população.

Mas, verdade doída esta, somos nós, nós população, os verdadeiros culpados. Por que não damos às eleições a mesma atenção que damos à Copa? Por que não olhamos para a urna eletrônica como olhamos para uma bola de futebol?

É hora de um novo jogo. O jogo da consciência.

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