Guerra e paz

Nelson Rodrigues dizia que em vez de lermos muitos livros, devemos reler alguns. Reler sempre. Já até escrevi uma crônica sobre o tema. Discordo em alguns aspectos. Mas isso não vem ao caso agora. O fato é que saí à procura de uma edição de “Guerra e paz” para reler. Não tenho esse livro em casa. A obra, de Tolstói, foi publicada em meados da década de 1860. Eu a li quando estava na faculdade. Já faz tempo. Mas isso também não vem ao caso agora (rssss).

Como eu dizia, saí para comprar uma edição que me agradasse. Entro na primeira livraria, vou às prateleiras (como sempre gosto de fazer, por favor, sem nenhum atendente no meu pé), procuro, procuro e nada. Então, aí sim, dirijo-me ao atendente que eu havia dispensado havia pouco. Então é a vez dele procurar. Na tela do computador, aparecem algumas edições de “Guerra e paz” e outros títulos acrescentados de termos tipicamente de auto-ajuda. O “Guerra e paz” que eu queria não tinha.

Na segunda loja, outra vez o mesmo processo. Prateleiras e nada. Computador e nada. Atendente: “eu posso estar fazendo a reserva”. Chego à terceira livraria. Também ali não encontro “Guerra e paz”. Nelson Rodrigues não poderia prever tamanho descaso com uma das mais importantes obras literárias de todos os tempos. Não posso acusar imprudentemente as livrarias de maneira geral. Elas devem ter lá suas razões para, no lugar de Tolstói, inundar as prateleiras com o lixão da auto-ajuda. Fazer o quê? Mas também não dá para ficar quieto.

Só peço mais respeito aos grandes títulos. Estes não podem faltar. Deixem ao menos uma ilha para quem procura literatura de qualidade. Afastem-nos dessa guerra. Dêem-nos a paz.

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