Flash! – Texto de Leonardo Brasiliense

O porta-retratos tem uma vinheta banhada a ouro sobre madeira lisa. 21 x 14 cm. A fotografia colorida não engana: não era bonita nem feia, a mulher de testa pequena, sobrancelhas grossas, olhos difíceis de interpretar. Tinha ali uns trinta anos, morreu aos quarenta e dois. Sorria e olhava para um ponto à esquerda e acima do fotógrafo. Soubesse que o retrato, exatamente aquele retrato, ficaria para sempre na estante da sala, teria sorrido? Que expressão você faria, sabendo que te batem a foto de um morto? FLASH!, esse era você. “Era”, verbo no pretérito, imperfeito.

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