O afago, a cortada e certos jornalistas

Às vezes é curiosa a atenção que, por sermos da imprensa, recebemos de pessoas com as quais convivemos circunstancialmente. Às vezes me sinto incomodado. Não no mau sentido da palavra, claro. Apenas me sinto um pouco constrangido quando recebo um afago acompanhado de uma pergunta genérica sobre um assunto qualquer. A pergunta geralmente é uma bola levantada para você cortar. Mas o fato é que nem sempre estamos preparados para dar a cortada.

Um garçom, outro dia, me disse, pela hora do almoço, que o Palocci cairia. E caiu mesmo. Eu não poderia ter feito previsão mais adequada. Assim como muitos analistas também não puderam. Não somos mais inteligentes, mais perspicazes ou mais respeitáveis em nossas opiniões porque somos jornalistas. Podemos ser apenas mais bem preparados. Mas isso, cuidado, nem sempre quer dizer muita coisa.

Esse pequeno preâmbulo é apenas para chegar aqui: como é triste ver o apego de profissionais a essa cômoda inverdade. Como é patético observá-los como se estivessem acima do bem e do mal. Como é interessante constatar esses espécimes não raros do mundo jornalístico – cheios de gestos, trejeitos faciais e, enfim, crentes numa sabedoria cujo fundamento está tão distante deles quanto eles estão de sua profissão.

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