Costureiras, cozinheiras e jornalistas

Tem jornalista bravo pra burro. O Gilmar Mendes andou comparando jornalista a cozinheira e a costureira. Pra mim, a comparação é uma grande honra. Se todos os jornalistas fossem tão cuidadosos na mesma proporção que o são as cozinheiras e costureiras, a qualidade do jornalismo seria melhor.

Mas isso não livra o presidente do Supremo e sua turma de um grave pecado: a extinção da exigência do diploma de jornalismo é radical e desnecessária.

O exercício da profissão poderia ser melhorado com mais flexibilidade quanto à participação na esfera jornalística de pessoas de outras áreas.

Mas o fim do diploma abre um perigoso flanco. E não apenas para a profissão e os profissionais, cuja qualidade pode despencar caso as empresas de comunicação abram mão de contratar jornalistas formados.

Haverá um grande risco também para a sociedade, composta de leitores, telespectadores e ouvintes. O público acabará, em muitas ou poucas ocasiões, nas mãos de gente que nem tem idéia da importância e das conseqüências da informação. Gente, por exemplo, como Gilmar Mendes.

Seria algo como imaginar uma seda cara sob o fio da tesoura manuseada por um jornalista que não sabe costurar. Ou uma carne nobre preparada por um ministro do Supremo ignorante em culinária. Não há escapatória: o resultado para o consumidor será péssimo.

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Por último, uma pequena nota: é curioso que o queridinho dos jornalistas no Supremo, o ministro Joaquim Barbosa, não tenha comparecido à sessão que decidiu acabar com o diploma.

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