Cinema de lágrimas – Texto de Dudu Oliva

Quando vejo um filme que me marcou, recordo do dia quando o assisti, dos pensamentos e dos sentimentos que sentia na época. Assisti a "Cinema de lágrimas" (1995) quando fazia a maldita monografia de fim de curso, em 2004.

O tema abordado da minha pesquisa era a diferença entre novelas mexicanas e brasileiras. Para entender a construção do conceito do melodrama, peguei na biblioteca da faculdade o livro "Melodrama: o cinema de lágrimas da América Latina" (1992), de Silvia Oroz.

Segundo a autora, no período da introdução do melodrama moderno é a Comédia “Larmoyante” seu antecedente mais distante. Este tipo de comédia baseou-se num sentimentalismo conservador e com preocupações moralizantes. Inspirava-se numa forte paixão irracional e baseava-se no princípio de Rousseau sobre a bondade natural do homem.

Paixões suaves e a virtude recompensada são os temas da Comédia “Larmoyante”, cujo fio condutor é um forte sentimentalismo. O sentimentalismo conservador e a preocupação moralizante fazem parte à estrutura formal e ideológica relativa ao melodrama cinematográfico. Tal como as paixões suaves e a virtude recompensada povoaram seu universo argumentativo. O roteiro do filme foi baseado neste livro pela própria autora Silvia Oroz e pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos. O filme possui uma metalinguagem e narra a história de Rodrigo Ferreira, que resolve procurar o filme, que sua mãe viu antes de morrer. Para ajudá-lo, contrata um jovem estudante de cinema. Juntos, viajam para a Cidade do México, com a finalidade de consultar os arquivos da Cinemateca da Universidade Autônoma: buscam um melodrama, o gênero que obteve imensa popularidade em toda a América Latina, entre os anos 30 e 50.

Os filmes são escolhidos de acordo com os principais temas abordados pelo melodrama: o amor, a paixão, o incesto, a doença e a mulher. O recorte foram os filmes com a fotografia em P&B de Gabriel Figueroa, os desempenhos de Ninon Sevilla, Maria Felix e Libertad Lamarque, a direção de Emilio Fernandez e Luis Buñuel.

Enquanto na tela os filmes se sucedem, uma outra história de amor meio platônica acontece na pequena sala escura, entre o jovem estudante e o velho diretor. Existe um clima de suspense na história, que só será revelado no desfecho.

OROZ, Silvia. Melodrama: o cinema de lágrimas da América Latina. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

http://www.rio.rj.gov.br/riofilme/site2005/site/filme_cada.php?id=74660265

E-mail: dudu.oliva@uol.com.br

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