Namorados – Texto de João Pedro Feza

Feliz Dia dos Namorados, antes e depois da data. Se você tem alguém, por favor, nunca deixe a coisa nivelar por baixo.

No começo, é aquele furor. Aquela candura. Mistura de furacão e calmaria. Tudo por ela. Tudo por ele. Um nojo saudável demais.

Taí um período de pura magia e enganação. De ilusão com ares de concretude. Fase a se curtir até o osso. E além dele.

No período de aproximação, o estranhamento ajuda a criar respeito. O outro ainda é uma esfinge. Isso instiga e excita. Fora o ar de bobo, o sorriso fácil e o tesão evidente.

O período de incubação parece criar o insólito encontro entre o platônico e o palpável. É aquele começo de tudo, no qual todos os maneirismos do parceiro(a) são motivo para alegria em dupla. Os defeitos são permitidos, necessários, bem-vindos. Compõem a personalidade irresistível do amado(a). Tudo é divertido, malicioso e pueril.

Depois de um tempo... Bem, depois de um tempo...

O desafio é outro: a convivência, o companheirismo, o comodismo, o casinho fortuito. A hipocrisia. Sim, você vai passar por ela. Ou ser vítima dela. E protagonista também. De uma história hipócrita e nem tão cruel assim.

Mas não há aqui desencantamento.

Só não nivele por baixo, por favor.

E nunca, nunca mesmo, entregue seu controle acionário para ela(e). Ame, dê vexame, acredite nisso com toda a força de seus braços fracos. Mas tenha o controle de seus sentimentos para não descambar num ciúme destrutivo, ruidoso e ameaçador.

E seja, casado ou iniciante, o que o nome da coisa pressupõe: um enamorado. Jovial, convicto e muito a fim. Desde o começo. Muito a fim.

E-mail: jfeza@bol.com.br

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