Poema: As grandes asas

Sob as asas desta grande ave de rapina eu me sinto ameaçado, mas também protegido.
Elas não nos explicam, apenas intrigam.
Ali está sua sombra, mas é no contraste de suas linhas que mais brilha o sol.
Sob elas, o duro coração amolece.
O veio da pedra de gelo estrala.
Está pronto, companheiro? Para essa luta a que ela nos atira?
Está pronto para seus caprichos?
Para sua geografia paradoxal?
Que pode nos aniquilar pela frente embora nos incentive pelas costas?
Está pronto para arrancar da trincheira?
Lembre-se: arrancar não significa necessariamente ir adiante.
Pode ser também seu último passo, e nada mais.
Mas assim mesmo, companheiro, está pronto?
Vi hoje formigas, daquelas grandes, numa longa coluna.
Um exército marchando sobre a terra.

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