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A segunda via de Glauber Rocha – Texto de Fernanda Villas Bôas

terça-feira, abril 15th, 2008

O inventor do cinema novo, que usou metáforas para escancarar as contradições sociais do Brasil moderno, nem se lixava para as próprias contradições: ele se aproximou de Geisel e foi um machista intolerável, mas nunca deixou de defender as liberdade individuais

A frase foi inventada para ele: “ame-o ou o odeie”. Glauber Rocha, o mais visceral dos cineastas brasileiros, nunca provocou meias paixões. Era raivoso, nervoso, indócil. Tinha pressa para viver e não parava nunca. Talvez soubesse que morreria antes dos 60 anos (no mês passado, fez 26 anos que ele morreu) e, embora detestasse a idéia, sabia que um dia viraria um mito. (mais…)

Meu hino pobre- Texto de Fernanda Villas Bôas

domingo, março 9th, 2008

Eu posso representar uma exceção, mas meu hino preferido é o da Bandeira, o primo pobre dos hinos brasileiros. Sim, primo pobre, que não se compara com a suntuosidade do Nacional nem provoca a comoção pátria do da Independência, aquele do “brava gente brasileira”. (mais…)

É de manhã na Noruega – Texto de Fernanda Villas Bôas

sábado, julho 21st, 2007

Chama-se “Morning Mood” (algo como “Espírito da Manhã”) a suíte do compositor norueguês Grieg, composta para a peça “Peer Gynt” do dramaturgo conterrâneo Henrik Ibsen, encenada pela primeira vez na Itália em 1867. “Morning Mood” embala Gynt, o personagem perfeito nas suas imperfeições. O maior problema da composição é o excesso de execuções. É como “Carmina Burana”, que já serviu para ritos egípcios no cinema, para as maluquices de Michael Jackson e até para comercial de bolacha no Brasil. (mais…)

Cilada do acaso sobre o destino – Texto de Fernanda Villas Bôas

segunda-feira, junho 18th, 2007

Todo mundo que gosta de cinema tem seu Hitchcock preferido. O meu é ‘Os Pássaros’, um dos filmes mais intrigantes do diretor inglês de ‘Psicose’, ‘Um Corpo que Cai’ e ‘Janela Indiscreta’. Por ter sido produzido depois dos três, ‘Os Pássaros’ mostra um diretor mais sintonizado com as possibilidades tecnológicas da sua época. O argumento: um dia, sem qualquer razão aparente, um bando de aves dizima uma cidade, levando seus moradores ao desespero. (mais…)

“Como dois e dois são quatro…” – Texto de Fernanda Villas Bôas

segunda-feira, maio 14th, 2007

Os Alcoólicos Anônimos, a irmandade pioneira dos grupos de ajuda mútua, difundem uma frase lapidar entre seus freqüentadores: “viva um dia de cada vez”. A frase não serve apenas para quem tenta se livrar de uma compulsão, mas para todas as pessoas que precisam enfrentar adversidades, desencontros ou abismos internos pelo menos uma vez na vida. Ou seja, qualquer um de nós. (mais…)

O cachorro – Texto de Fernanda Villas Bôas

sexta-feira, agosto 19th, 2005

São Paulo, junho de 1942

Os três homens voltavam para casa depois de um dia de trabalho. A vila ficava afastada da cidade e era emoldurada pela farta natureza das histórias antigas: a estrada de terra, o céu muito azul, as árvores frondosas, talvez um riacho de águas cristalinas (a descrição é um clichê, mas a realidade não). (mais…)

Eu quero sempre mais – Texto de Fernanda Villas Bôas

segunda-feira, julho 25th, 2005

“Eu quero sempre mais,
Eu quero sempre mais
Eu espero sempre mais… de ti”

(Eu quero sempre mais, Ira)

Você se lembra da prostituta Vivian (Julia Roberts) negando beijos na boca ao seu cliente Edward (Richard Gere) numa cena memorável de "Uma Linda Mulher"? No filme, o tal cliente é um empresário boa-pinta e milionário, que contrata os serviços de uma acompanhante e a leva para uma suíte de luxo. Quando o clima começa a esquentar, ele tenta beijá-la, mas é sumariamente rejeitado. A moça explica que beijar na boca não faz parte do pacote - é íntimo demais. (mais…)

Tem alemão na roda! – Texto de Fernanda Villas Bôas

sábado, julho 9th, 2005

Vejo no blog Pensar Enlouquece, Pense Nisso (por onde sempre trafego e recomendo: www.pensarenlouquece.com), algumas referências a vocábulos em alemão, uma língua fascinante, mas inclemente. Explico: na adolescência, tentei aprendê-la e até tive apoios entusiastas – como o da professora-filósofa que me estimulava a compreender o significado dos radicais do idioma para despertar minha paixão. (mais…)

O calor das festas de junho – Texto de Fernanda Villas Bôas

quarta-feira, maio 11th, 2005

Estão chegando as festas juninas, a época mais gostosa do calendário. Não sei se você se comove com quentão morno e doce de batata, quadrilha e pau-de-sebo, correio-elegante e simpatia para o santo. Eu, sim. Sempre achei as juninas um exemplo cristalino de brasilidade, talvez porque elas ainda estejam imunes à mecanização do roteiro como o Carnaval. Nas festas de junho, ninguém vai desfilar na avenida à procura dos holofotes nem alimenta uma falsa euforia para segurar o pique até a Quarta-Feira de Cinzas. (mais…)

Um papo “irado” – Texto Fernanda Villas Bôas

sábado, março 12th, 2005

Nasi e Scandurra falam sobre música, carreira, filhos e relação com os fãs

Como foi a entrevista
Conversei com Nasi e Edgard Scandurra por telefone, em meados de agosto de 2004, dias antes de o Ira! apresentar na Cervejaria dos Monges, em Bauru, o showzaço Acústico MTV, com mais de duas horas e meia de duração. Trechos da entrevista foram publicados na revista Todateen, da Editora Alto Astral, onde trabalho como repórter. Mas, como bastante material ficou de fora, achei que faria justiça se pudesse compartilhar uma parte com quem, como eu, adora rock nacional e considera o Ira! uma das mais importantes bandas brasileiras. (mais…)